17/11/2013

A História de um Sonho - Arthur Schnitzler OPINIÃO!!!

Colecção Mil Folhas, Público| 95 Páginas


Este é um clássico da literatura diferente dos que já li até hoje: é sobretudo uma reflexão sobre o significado do sonho e de como este pode afectar ou não o nosso quotidiano.

No dicionário de língua portuguesa “Sonho” significa: associação de imagens, frequentemente desconexas ou confusas, que se formam no espírito da pessoa enquanto dorme; Fig. Ilusão, fantasia, devaneio, utopia: o sonho acabou.

É em torno desta definição que gira toda a narrativa:  é-nos apresentado um casal, Fridolin e Albertine que um dia decidem por mútuo acordo contarem algumas coisas um ao outro, episódios que aconteceram consigo próprios e de que o outro nunca suspeitaria. Atracções fugazes e sem nenhum desenlace comprometedor formam a base das revelações mútuas. 

Albertine tem um sonho, que até poderia ser real, que talvez o próprio inconsciente dela poderia desejar que fosse real; Fridolin vive uma experiência completamente rocambolesca, com imenso mistério e suspense, em que muitas vezes toca a fronteira do "proibido", sem nunca a ultrapassar, talvez mais pelas próprias circunstâncias que pela sua própria vontade, algo que nem ele próprio chegará alguma vez a saber.

Albertine conta a Fridolin o seu sonho, que parece tão real, e que Fridolin leva tão a sério que o julga real, e Fridolin conta a Albertine a sua experiência, que Albertine toma, naturalmente, como um sonho, pois o seu sonho teve tanto de realidade como a realidade que Fridolin viveu teve de sonho. O desenlace do romance torna-se imprevisível aos nossos olhos até às últimas páginas, magnificamente concluídas pelo autor do romance.

À medida que ia lendo fui-me recordando do filme “De Olhos Bem Fechados” com Tom Cruise e do realizador Stanley Kubrick mas só depois tive a certeza que este realmente foi baseado neste clássico da literatura.

Um pequeno ensaio-romance sobre a questão do sonho, em sentido real e figurado, trocando-nos as voltas e levando-nos a interrogações sobre as motivações íntimas do nosso ser, tantas vezes enclausurado dentro de regras e formalidades que criamos para nós próprios, mas que, se não existissem, também não permitiriam termos uma vida minimamente consistente.

O sonho pode ser realidade, e a realidade que vivemos pode até nem passar de um sonho. O que é o sonho e o que é de facto real?

Um livro que nos faz pensar, bastante filosófico ( a meu ver exageradamente filosófico) e cujo tamanho ajudou à leitura: o arrastar da narrativa e a complexidade do tema, faria com que muito provavelmente deixasse o livro a meio caso este fosse mais volumoso.


O Autor:
Filho de um médico judeu de renome, Arthur Schnitzler também estudou medicina na Universidade de Viena, tendo chegado a escrever uma tese sobre o tratamento hipnótico das neuroses; porém, foi à literatura que dedicou a vida. Romancista, contista e dramaturgo de excepção, viu reconhecidos os seus méritos literários nos anos 90 do século XIX, não sem controvérsia, como é costume com os que vão à frente no seu tempo. A ideologia nazi havia de proibir-lhe as obras, tanto na Alemanha como na Áustria.

Período de Leitura: De 20 a 25 de Outubro de 2013.

Classificação: 4 - Interessante
 

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